segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Viagem ao centro de Lisboa

 

Há já algum tempo que não visitamos o centro de Lisboa, progressivamente ocupado por estrangeiros, turistas, empresários e trabalhadores.

Passeando pela rua Augusta, salta à vista o denso transito de turistas e a ocupação total do centro dessa via por mesas dos muitos restaurantes que vão substituindo as lojas clássicas de moda e outras atividades de algum luxo que caracterizavam Lisboa.

Agora os pasteis de nata ganham espaço e protagonismo nas montras e os turistas, rendidos, fazem fila no balcão.

Achamos que seria bom entrar num dos poucos cafés com mesas. Reparamos logo que a bica custava 1,7 . Na linha de Cascais o preço em local bem mais agradável e melhor frequentado custa 70 ou 80 cêntimos, até mesmo em algumas esplanadas.

De qualquer modo o ambiente não nos agradou, dado o facto de os empregados serem todos asiáticos sem experiencia ou simpatia e os clientes estrageiros, o espaço não era interessante e o mobiliário desconfortável, não há vistas para o exterior. Nada justifica os preços, é pura especulação.

Resolvemos regressar a casa mas, ao passar pela rua da Prata, reparamos num bar espanhol muito apelativo.

A exposição e menu confirmavam isso mesmo, sentamo-nos numa mesa de quatro lugares e logo a seguir, sentou-se um casal conversador, eram ambos peruanos, ele trabalha em Dublin, ela em Madrid e vieram passear em Lisboa.


Acederam com sorrisos de satisfação, ao meu pedido para lhes fazer uma fotografia.
A motivação para estarem a trabalhar na Europa é sobretudo a procura de lugares mais seguros para viver e também melhores condições de trabalho e remuneração.

Ao nosso "grupo" juntou-se uma empregada, perguntei se era espanhola... Sou brasileira e estou cá há dois anos. Dois dos seus quatro filhos já cá estão há cinco. Eu, dividida, procurei um lugar seguro e melhor remuneração para os ajudar.


Antes de nos despedirmos, os jovens peruanos perguntaram onde poderiam encontrar um Bar ou Pub que tivesse a presença de portugueses. 

A nossa resposta foi: AQUI, NESTA ZONA, MAS NO ANTIGAMENTE.


O centro de Lisboa é um oásis e uma fonte de rendimentos, para estrangeiros. 
Talvez sobre alguma coisa para a receita do estado, digo eu.

Pelo menos este restaurante assume e muito bem, diga-se de passagem, a sua origem e tem boa qualidade. O jamón ibérico confirma o anúncio, é o melhor do mundo e a caña não é pior.

SALUD


quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Canas Bravas são uma praga nacional

 

Canas bravas: uma das maiores pragas em rios portugueses e causadoras de secas em alguns cursos de água, mas também, em terras de cultivo e outras propriedades. Também é responsável por graves alterações paisagísticas com reflexo no turismo.

A espécie de canas, chamada canavieira-brava, é uma planta com um historial não nativo, isto é, não é uma planta autóctone de Portugal. Antigamente utilizadas com a finalidade de definir a extrema entre os campos agrícolas, agora tornaram-se uma praga para rios, lagos e ribeiras devido ao seu consumo excessivo de água e à sua rápida propagação.


Uma universidade da Flórida estuda o fenómeno

A espécie de cana (Arundo donax) veio da Ásia na altura dos Descobrimentos século XV /XVI através das trocas comerciais marítimas. Os nossos antepassados pensaram que seria um benefício para a divisão dos seus terrenos agrícolas, construções de casas para o povo, decorações pessoais, barreira contra as maresias, que estragam as plantações na zona, são muito comuns no centro do país. Devido à sua propagação excessiva, retiram o espaço para o desenvolvimento de plantas autóctones das margens do rio. Estas canas podem possuir deste 3 a 10 metros de altura, propagam-se através dos rizomas e sobrevivem a “grandes períodos” sem água. Possuem elevadas defesas contra doenças, tornando-as praticamente imunes. Quando secas possuem elevado nível de inflamação, podendo provocar fogos difíceis de extinguir se forem inflamadas. Sendo uma espécie difícil de exterminar devemos ter certos cuidados na tentativa de extermínio: não as podemos destroçar (com dispositivos destroçadores) e deixá-las na terra porque os rizomas voltam a rebentar; não podemos apenas retirar o caule, pois o rizoma continua sob a terra; até mesmo os pesticidas, não sendo bem aplicados, resultam num problema para o solo, não garantindo a exterminação de todas as plantas. 

A forma mais eficaz e mais fácil de as exterminar completamente é arrancar as canas até ao rizoma. 


 A imagem mostra um troço da levada de regadio, uma derivação dos rios Anços e Ourão, testemunha uma situação comum em grande parte do território. Canas de uma e outra margem fazem um arco sobre o curso de água que corre para a vila de Soure. 


Ao fundo, uma terra abandonada pelo proprietário está totalmente cheia de canas, silvas e que se desenvolveram em mistura. O dono da terra, outrora fértil, que se vê em primeiro plano e a cultiva, tem todos os anos de eliminar os infestantes que progridem e avançam para a sua propriedade.   As suas reclamações são ignoradas pelo seu vizinho que a herdou e não a cultiva. 


Em frente à esquerda, este terreno estava em baldio e o seu proprietário recuperou-o este ano para plantar milho. Cortou as canas, mas deixou os rizomas, entre as duas arvores. Em terreno fértil as canas recuperaram e, passados apenas dois meses já atingem cerca de dois metros de altura. Após a segunda arvore, cortou as canas e extraiu os rizomas. não existem canas nesse espaço. 

Continuando da esquerda para a direita (após a terceira arvore) o terreno tem outro dono que, há dois anos, fez uma limpeza do seu terreno até ao rio. Cortou as canas e extraiu os rizomas; não existem canas nesse terreno numa frente para o rio com extensão de cerca de 50 metros. em primeiro plano, o dono desta terra nunca teve canas pois mantém a sua terra limpa, apenas a vigia e limpa sem qualquer intervenção.

Esta pequena praia do rio Anços, já com algumas canas, era muito procurada pela população, atualmente a invasão deste infestante bloqueou o seu acesso. Não pode ser visitada e desfrutada.


Uma imagem recente da mesma praia mostra, com algum dramatismo, o efeito da invasão descontrolada das canas bravas. O leito do rio, em estado totalmente degradado, nem sequer pode ser inspecionadoEsta é uma situação corrente e que se irá verificar e expandir noutros locais se não forem tomadas medidas adequadas para a sua irradicação.

É difícil de avaliar o estado do leito do rio após décadas de falta de limpeza. Apenas em alguns sítios é possível fazer essa observação.


Num dos poucos locais onde pode ver-se o leito do rio a situação é esta,

Eis, pois, um vislumbre do estado em que se encontram os rios que seriam uma bênção para muitos países e povos.

 A situação que descrevemos é particularmente grave na região centro, justifica uma intervenção das autoridades nacionais ou regionais, designadamente a cooperação entre autarquias e a colaboração dos proprietários dos terrenos abrangidos. 

O problema não se restringe a atividades agrícolas ou industriais, engloba outras como o turismo que, cada vez mais, assume um papel importante na economia.

Infelizmente nem sempre as autarquias são sensíveis a este particular aspeto. 

Em minha opinião, deverão ser tomadas medidas urgentes para evitar o descontrole total e a recuperação dos terrenos onde a invasão de infestantes é notória.

Numa estimativa, tomando como base a minha própria observação e reflexão, uma equipa com uma máquina escavadora pequena e dois ou três trabalhadores, pode erradicar, em média por dia, cerca de 50 metros de uma faixa ou margem. 

Previamente é necessário efetuar o corte, destroçamento ou queima das canas devidamente autorizadas e acompanhada. 

Esse trabalho deve ter caracter permanente até à irradicação total do infestante e tem de ser gerido de acordo com as épocas do ano e de uma lista de prioridades.

A divulgação deste fenómeno e as suas consequências congregará e potenciará esforços. 

Alguns proprietários, que possuem equipamento e sentido de responsabilidade, estão dispostos a colaborar autonomamente, alguns já o fazem.

Tanto quanto estudei, a propagação dá-se por extensão dos rizomas, pelo que o aparecimento em zonas distantes, afastadas dos terrenos onde se desenvolvem, deve-se ao facto de terem sido para lá levadas intencionalmente, para serem usadas na agricultura ou na separação de propriedades ou mesmo como quebra vento. É uma prática desaconselhável pois facilmente se propagam muito rapidamente e prejudicam outros proprietários.

Nota final: As canas selvagens podem ser uteis em determinados casos e podem justificar a sua existência. Nesses casos seria possível a sua cultura em locais circunscritos e sujeitos a licenciamento.

 

domingo, 6 de março de 2022

Como acabar com as guerras

 

Quase todas as guerras são desencadeadas por regimes ditatoriais. O poder corrompe e, em muitos casos, se o autoritarismo perdura, acaba em grande flagelo e sofrimento humano em grande escala.

Aparentemente as medidas de boicote e isolamento da Rússia irão resultar no afastamento do seu líder.

Não parece ser possível um regime aguentar uma pressão mundial de boicote, de carência do povo e restrição de regalias dos ricos e poderosos.

São dirigentes que chegaram ao poder às vezes por via democrática ou derrubando pela força um regime constituído. Desejavam construir uma "nova sociedade", e para isso, cometeram crimes contra a Humanidade.




Político, militar e revolucionário líbio. Derrubou a monarquia através de um golpe de Estado e foi proclamado o líder do país.

Usou o lucro da produção do petróleo para modernizar a Líbia construindo casas, promovendo a educação e saúde gratuitas. Sob seu comando o país teve o maior IDH da África.

Muçulmano praticante, não concordava com o comunismo por esta ideologia ser ateia. Assim, aproximou-se das ideias pan-arabistas defendidas pelo presidente do Egito, Gamel Adbel Nasser, que buscava unir o mundo árabe recém-saído do colonialismo europeu.

Gaddafi foi eliminando, literalmente, qualquer oposição interna. Para isso, contava com a polícia secreta que vigiava e prendia os cidadãos líbios sem precisar de acusações formais. Em junho de 1996, mandou executar cerca de 1.000 prisioneiros, acusados de “oposição ao regime”.




Como outros ditadores Vladimir usa a coregrafia para impressionar grande parte do seu povo mas é de muito mau gosto para os povos civilizados. Nesta perspetiva é apenas uma atitude rasca ou provinciana que reflete o mau gosto do protagonista.
 
Vladimir Putin é o atual presidente da Rússia, além de ter servido como ex-agente do KGB no departamento exterior e chefe dos serviços secretos soviético e russo, KGB e FSB.

Se a receita adotada pelos países para combater o regime russo resultar como parece, então poderemos eliminar um a um todo os regimes autoritários e não democráticos. 

Finalmente haverá paz













sábado, 16 de janeiro de 2021

Coimbra do Choupal até à Lapa

Nas décadas de 1940/60 residi em Santa Clara - Coimbra, cresci com o Portugal dos Pequeninos tendo acompanhado a sua construção desde o inicio. Eu e os meus amigos jogávamos à bola num "campo" ali mesmo ao lado, junto ao cano dos amores da Quinta das Lágrimas e desfrutávamos dos pequenos mosaicos e outros "petiscos" que eram abandonados ou estavam ali "semeados" nas obras. Mais tarde, quando já eramos uns rapazinhos, voltamos a nossa atenção para o rio Mondego, a uns escaços 200 metros. O rio era "nosso" desde o Choupal até à Lapa.

O rio tinha muita atividade, lavadeiras, barcos, pesca e praias.
Um dos meus amigos era familiar dos donos de uma ponte de madeira sazonal, que atravessava o rio desde a estação do caminho de ferro ( a estação nova  ou B ) até à Guarda Inglesa em Santa Clara.
Poupava-se tempo e sapatos ( quem os tinha ) mas pagava-se uma portagem ao senhor Modesto, que era também dono de alguns pequenos barcos.
O Fernando era o mais velho e, às vezes arranjava um desses barcos no qual navegávamos. rio acima.

Subir o rio não era tarefa fácil pois era contra a corrente. A solução era levar barco à sirga ( puxado com uma corda parcialmente enrolada ao corpo) o Fernando era o mais forte e fazia a maior parte do percurso. Mais tarde foi atleta da Associação Académica e posteriormente oficial do exército.
Para baixo todos os Santos ajudavam e lá vínhamos nós a remar, ou nem isso, até ao embarcadouro junto à ponte de madeira.
Passávamos o dia inteiro nesta viagem e pescávamos com metodologia menos ortodoxa, tomávamos 50 banhos  jogávamos à bola. As nossas mães preparavam um pequenos farnel e beber água não era problema, havia muita no rio. 
Sendo responsáveis ( andávamos todos na catequese ) eramos muito cuidadosos. Filtrar a água era fácil, abria-se um buraco na areia e a água fluía, filtrada e fresca.
Pescar também não era complicado, os peixes eram curiosos e tinham tendência para se aventurarem em pequenos charcos que construíamos com uma entrada de água do rio. Era só esperar algum tempo escondidos e depois fechávamos a entrada/saída com um ramo de salgueiro, previamente cortado e que servia também para camuflagem.
Mas havia outros métodos, a pesca à toca era muito mais rentável, localizada a toca enfiava-se uma mão, apanhava-se um peixe e atirava-se para a margem. Convinha manter a entrada da toca controlada com a outra mão. Por vezes eram às dezenas.

Lapa dos Esteios - Santa Clara - COIMBRA
Regra de segurança, não meter a cabeça debaixo de água pois podia o braço ou mão ficar entalada e um gajo morria sufocado. Isso sucedia.
A Lapa, lugar romântico, é uma formação rochosa ou laje que entrava pelo rio. No sopé havia o paradigma das tocas mas era preciso mergulhar e manter a cabeça debaixo de água. Eu e os meus amigos nunca o fizemos por ser muito perigoso e com acidentes conhecidos.
Nesse local o rio era ótimo para mergulhar e nadar.


Também pescava à linha, aprendi a fazer a minha arte usando, a seguir ao anzol, uma crina de cavalo que era invisível na água, posteriormente passei a usar fio de nylon quando este surgiu no mercado. 

Aprendi a nadar na piscina da praia fluvial do Mondego.

Vista geral da praia fluvial e piscina





terça-feira, 14 de abril de 2020

Futebol das "massas"



O FUTEBOL É POUCO MAIS DO QUE EMOÇÃO

Futebol é apenas diversão, os jogadores não são heróis, nada tem a ver com patriotismo. Significa apenas riqueza para alguns jogadores, equipe técnica, dirigentes e comentadores, reflexo do destaque que lhe é dado pelos média, parte muito interessada, pois significa receitas em publicidade.



Os defensores do futebol como desporto e principal meio de lazer (e de auto afirmação), contestam que o futebol seja uma alienação. Intelectuais de esquerda, mesmo os mais brilhantes, não fazem qualquer crítica ao fanatismo futebolístico. O futebol surgiu como instrumento de lazer vindo da Inglaterra. A certa altura, transformaram o que deveria ser um simples desporto, com fins exclusivamente lúdicos, na razão de ser dos povos. Torcer pela Seleção de Futebol masculino ganhou status de “dever cívico”. A publicidade, levada ao extremo, criou mitos e tornou o futebol um espetáculo milionário com grande circulação de dinheiro que deu aso ao enriquecimento e à corrupção de forma desenfreada.
A par da riqueza de alguns jogadores surge a dos dirigentes e apareceram os comentadores que infestam os média com os seus programas vazios, frequentemente em simultâneo, em vários canais. 
Os clubes são vendidos a capitalistas que se apoderam
deles como se fossem um brinquedo de luxo.
Os "sócios" são passivos contribuintes do "seu" clube.

Os milionários jogadores não são perfeitos e, frequentemente, falham o golo com a baliza escancarada. Comentam alguns entendidos que aquele não era o seu melhor pé ! Um jogador profissional, comprado por muitos milhões, tem um pé que não presta...Os jogos nem sempre registam golos ou muito poucos, 0-0 1-0 0-1 e pouco mais. Num jogo inteiro há poucas ocasiões de golo pois os jogadores milionários são cada vez mais bem vigiados por outros jogadores ainda mais milionários. É frequente haver APENAS um golo solitário, ao fim de 90 minutos. Provavelmente marcado na própria baliza por ricochete numa floresta de pernas e depois do adversário ter falhado dois remates que esbarraram "estrondosamente" no poste. 
Os adeptos usando trajes garridos, com as quotas em dia, assistem alegre e ruidosamente à chuva e frio. Um miserável e único golo duvidoso, obtido nos últimos instantes do prolongamento, depois da validação pelo VAR faz jus a uma enorme onda de reconhecimento aos seus cracks.
Os estrategas e treinadores convergiram e adotaram a tática modelo do futebol moderno:
NÃO DEIXEM JOGAR ESSES GAJOS
OS GOLOS SÃO O AMAGO E RAZÃO DE SER DO FUTEBOL, CADÊ ELES ?


a taça ? é nossa.