sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Jogo das escondidas, vale tudo até tirar olhos

Esconde-Esconde
 


Regras do  jogo: Sem regras, vale tudo, até tirar olhos

Procedimentos: Enquanto a criança POVO conta até 50,  as outras CRIANÇAS escondem-se


Estados Unidos esconde-se atrás de Israel

Hezbollah esconde-se atrás de Hamas 

Irão esconde-se atrás de Hezbollah

China esconde-se atrás da Rússia 

Taiwan esconde-se atrás dos Estados Unidos


O jogo termina quando o POVO descobrir todas as crianças, é fácil, têm o rabo de fora 







terça-feira, 7 de maio de 2024

PATO REAL - uma história incrível de uma fêmea que tem apoio da sua comunidade

Pato real, uma comunidade muito interessante e comum em Soure, particularmente na foz do rio Anços

Pato real, macho e fêmea 

 levada e cascata 
Possuo uma casa de campo, um moinho de agua recuperado para habitação, que é um autentico observatório da natureza. O quintal confina com o rio Anços e uma levada atravessa a propriedade.

Janela discreta

O lugar é procurado por aves, lontras e outros animais selvagens. Um casal de pato real selvagem visitou a propriedade, gostou. Passou a frequentar regularmente o nosso quintal. Muito atentos à presença de predadores, os humanos em particular,  acabou por aceitar a nossa presença na devida distancia. 

Este ano resolveram aumentar a família e constatamos que a sua presença passou ser quase permanente. 

O casal dormia neste lugar
Passaram  a pernoitar em frente à casa mas, como dormem com a cabeça debaixo da asa receamos o pior, as lontras são uma ameaça quase silenciosa e ruido da cascata é um seu auxiliar. O pior aconteceu mesmo, encontrei o macho morto na relva debaixo de uma arvore de fruto, que era num lugar que ele visitava regularmente. Tinha morrido horas antes.
O animal acusava um ferimento profundo numa asa e no peito, feito por um predador talvez uns dias antes, sobreviveu alguns dias.
Pouco depois, a fêmea apareceu no mesmo sítio, observei isso à distancia, depois desapareceu da minha vista, julgo que levantou voo.
Retirei o animal e pensei que a história terminava ali, mas o mais interessante estava para vir...

No mesmo dia ao fim da tarde, apareceram no quintal 3 belos machos, algo inédito, isso nunca tinha sucedido, pousaram junto ao rio, depois, um deles levantou voo. Dois permaneceram ali durante largos minutos e, por fim, caminharam em direção ao lugar onde a fêmea estava invisível, escondida e provavelmente aninhada a chocar os seus queridos ovos. Depois partiram em direção a Soure.

O pato real vigilante
A sensação que que tive era que se tratava de dois inspetores e tinham tido instruções para verem o que se passava, um comportamento quase humano. Ainda no mesmo dia, ao fim da tarde, regressou um dos patos, um belo e vigoroso animal, posicionou-se em atitude vigilante e ostensiva no muro, em frente à cascata e do abrigo da fêmea que fica por baixo de uma casa em ruinas, local húmido mas coberto. 
Manteve-se no seu posto até ao por do sol depois, incrivelmente, foi para junto da fêmea e ali permaneceu até de manhã. 
Regressou ao seu posto de vigília e ao fim de cerca de uma hora levantou voo. O pescoço comprido, visível na imagem, é diferente do progenitor que era pequeno e mais comum.

Os patos percorreram lentamente este caminho  

Imagem da propriedade, ao fundo o rio Anços em cuja margem os patos e a algumas outras aves aterram. 
Os inspetores, depois de pousarem, percorreram o caminho, sem voar, até ao local onde estava escondida a fêmea viúva.
Caminharam lentamente até perto da cascata.
Não viram ou contactaram a pata viúva.
Não pode ser coincidência mas não sei explicar como foi possível a divulgação do acidente ou a transmissão da mensagem. É um verdadeiro mistério.



Decorridos três dias o pato sentinela tem regressado todos os dias ao fim da tarde e permanece junto ou próximo da fêmea. De manhã, depois de surgir a luz da madrugada levanta voo e vai à sua vida.
Despreza, sem lhe tocar, uma mistura de sementes que coloquei para auxiliar a mãe viúva. Esta sim, uma ou duas vezes por dia, depois de esticar as asas e fazer a sua higiene dentro da levada come a sua ração com evidente avidez.  
O novo companheiro, possível padrasto se houver sucesso, regressa pontualmente ao fim da tarde e passa a noite junto da fêmea ou no seu lugar de vigilância com atitude ameaçadora ou de despistagem.
De facto, se alguém se aproximar levanta voo mas regressa passados alguns minutos. Se sentir insegurança não pousa e dá mais alguma volta, mas regressa.

Hoje fui visitar o santuário do pato real em Soure e  verifiquei que havia alguma  dispersão mas mantem-se a   separação de sexos, machos em maior número descansam e procuram alimento junto à ponte e as fêmeas  também juntas nadam no rio principal, o rio Arunca.


Foz do Anços, os machos
formam o seu grupo 
Entretanto e inesperadamente, a patinha viúva regressou sozinha cerca das 19 horas, brincou na água e comeu uma boa dose de sementes que mantenho abastecida. Abalou passada cerca de meia hora.
Pata real e sua prole
Terá vindo porque mantém um vinculo sentimental, gosta do local ou apenas porque tem aqui um suplemento alimentar? 
Regressou todos os dias durante cerca de uma semana, sempre à mesma hora e repetiu as suas brincadeiras, lavagens alimentação  partiu para junto da sua família.

Não encontro explicação para o facto de aparecerem três patos machos no dia da morte do  companheiro, e um deles se manter vigilante até ao fim da incubação que seria abortada. 

Desconheço se há alguma forma misteriosa de comunicação entre estes animais, tanto mais que na comunidade machos e fêmeas vivem separados.

SERÁ UM FENÓMENO DE ENTRELAÇAMENTO QUANTICO?

Dou por encerrada a história mas, inesperadamente, surgiu no mesmo local uma garça real, espero que não haja romance.


Janelas discretas para espiar a natureza

Garça real, animal muito esquivo





sábado, 16 de janeiro de 2021

Coimbra do Choupal até à Lapa

Nas décadas de 1940/60 residi em Santa Clara - Coimbra, cresci com o Portugal dos Pequeninos tendo acompanhado a sua construção desde o inicio. Eu e os meus amigos jogávamos à bola num "campo" ali mesmo ao lado, junto ao cano dos amores da Quinta das Lágrimas e desfrutávamos dos pequenos mosaicos e outros "petiscos" que eram abandonados ou estavam ali "semeados" nas obras. Mais tarde, quando já eramos uns rapazinhos, voltamos a nossa atenção para o rio Mondego, a uns escaços 200 metros. O rio era "nosso" desde o Choupal até à Lapa.

O rio tinha muita atividade, lavadeiras, barcos, pesca e praias.
Um dos meus amigos era familiar dos donos de uma ponte de madeira sazonal, que atravessava o rio desde a estação do caminho de ferro ( a estação nova  ou B ) até à Guarda Inglesa em Santa Clara.
Poupava-se tempo e sapatos ( quem os tinha ) mas pagava-se uma portagem ao senhor Modesto, que era também dono de alguns pequenos barcos.
O Fernando era o mais velho e, às vezes arranjava um desses barcos no qual navegávamos. rio acima.

Subir o rio não era tarefa fácil pois era contra a corrente. A solução era levar barco à sirga ( puxado com uma corda parcialmente enrolada ao corpo) o Fernando era o mais forte e fazia a maior parte do percurso. Mais tarde foi atleta da Associação Académica e posteriormente oficial do exército.
Para baixo todos os Santos ajudavam e lá vínhamos nós a remar, ou nem isso, até ao embarcadouro junto à ponte de madeira.
Passávamos o dia inteiro nesta viagem e pescávamos com metodologia menos ortodoxa, tomávamos 50 banhos  jogávamos à bola. As nossas mães preparavam um pequenos farnel e beber água não era problema, havia muita no rio. 
Sendo responsáveis ( andávamos todos na catequese ) eramos muito cuidadosos. Filtrar a água era fácil, abria-se um buraco na areia e a água fluía, filtrada e fresca.
Pescar também não era complicado, os peixes eram curiosos e tinham tendência para se aventurarem em pequenos charcos que construíamos com uma entrada de água do rio. Era só esperar algum tempo escondidos e depois fechávamos a entrada/saída com um ramo de salgueiro, previamente cortado e que servia também para camuflagem.
Mas havia outros métodos, a pesca à toca era muito mais rentável, localizada a toca enfiava-se uma mão, apanhava-se um peixe e atirava-se para a margem. Convinha manter a entrada da toca controlada com a outra mão. Por vezes eram às dezenas.

Lapa dos Esteios - Santa Clara - COIMBRA
Regra de segurança, não meter a cabeça debaixo de água pois podia o braço ou mão ficar entalada e um gajo morria sufocado. Isso sucedia.
A Lapa, lugar romântico, é uma formação rochosa ou laje que entrava pelo rio. No sopé havia o paradigma das tocas mas era preciso mergulhar e manter a cabeça debaixo de água. Eu e os meus amigos nunca o fizemos por ser muito perigoso e com acidentes conhecidos.
Nesse local o rio era ótimo para mergulhar e nadar.


Também pescava à linha, aprendi a fazer a minha arte usando, a seguir ao anzol, uma crina de cavalo que era invisível na água, posteriormente passei a usar fio de nylon quando este surgiu no mercado. 

Aprendi a nadar na piscina da praia fluvial do Mondego.

Vista geral da praia fluvial e piscina





quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O Zé do Boné


 O ZÉ DO BONÉ

Publicado no jornal Primeiro de Janeiro
O personagem Zé do Boné é uma criação do inglês Reggie Smyth. Andy Capp (no original) é um beberrão, vagabundo, cara-de-pau e desempregado, cujas únicas motivações são ficar no bar ou ir para casa atormentar a sua esposa Flo. 
Fez enorme sucesso em Inglaterra e foi publicado em vários países incluindo Portugal.
O Zé o Boné é um inglês suburbano malandro, sempre com o seu boné (daí o nome),que vive cercado de vícios: beber cerveja, fumar, jogar, ver TV, assistir a uma pelada (futebol), lançar piropos às garotas, etc.

O eterno mau humor de Zé do Boné, suas bebedeiras, a ressaca, o prazer pela jogatana: quanto mais politicamente incorrecta, mais engraçada a situação.
Não é difícil entender tanto sucesso: até hoje, as características pessoais do personagem e as situações apresentadas fazem sempre lembrar algum conhecido, ou um acontecimento vivido.
Sua mulher, Flo, tem que aturar o simpático  e imprestável Zé.






 Zé do Boné surgiu em 1957, trouxe um humor ácido e corrosivo para as tirinhas diárias de jornais como o Daily Mirror, em Inglaterra, o Jornal da Tarde, no Brasil e até mesmo o Izvestia, na então União Soviética, o Primeiro de Janeiro em Portugal. 
Segundo Álvaro de Moya, um dos mais respeitados especialistas em quadradinhos“Zé do Boné” fez com que o choque de sexos fosse levado às últimas consequências.






segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

O PADRE BOI

NÃO É VERDADE QUE TENHA COMIDO SOZINHO UM BOI

.João Augusto Antunes nasceu em Coimbra a 15 de Novembro de 1863.
filho legítimo de Luis Antunes, criado de servir, e de Teresa de Jesus. 

Mas não se alimentava do ar
A faceta de que dele mais se recorda é a sua gula insaciável, e não faltava quem jurasse que certa vez comeu um cabrito inteiro.
Assado à boa maneira de alguns restaurantes de Condeixa, constituía um saboroso pitéu.
Ramiro, quando era ainda um rapazote de 12 anos, ao serviço de um restaurante local serviu ao padre, acabado de chegar da Figueira e ainda a esmoer um lauto jantar, dois quilos de dobrada assada na brasa, apenas temperada com azeite e vinagre, que era o que havia.
1863 - 1931
A sua intervenção nas festividades religiosas traduziu-se numa garantia de esplendor destas onde prega ou encomenda a pregadores chamados de fora.
O padre, Dr. João Antunes fixou-se em Condeixa em 1894 onde não tardou a tornar-se notado por por uma grande participação na vida comunitária da vila em muitas e variadas frentes.
À tarefa de titular da Conservatória de Registo Predial alia a de coadjutor de pároco da freguesia.
Amante da preservação do património reconstruíu, a expensas suas, a capela de Santa Teresa (nome da sua mãe) que fora incendiada pelas tropas de Massena que batiam em retirada das linhas de Torres.

Pai de muitos filhos Foi um grande refractário ao cumprimento dos preceitos canónicos que o vinculavam ao celibato eclesiástico. Em vez de atender às prescrições do Concílio de Trento nesse domínio, preferiu seguir o apelo evangélico à multiplicação da espécie.
E isso a tal ponto que lhe chegaram a atribuir nada menos de trinta e cinco filhos provenientes de várias mulheres.


Um orfeão pioneiro, com o 
ensaiador bem visível, ao centro
 
No primeiro quartel do século XX ecoaram no País o nome e o canto do Orfeão de Condeixa e a fama do padre Dr. João Antunes, seu fundador e dirigente. 
Era considerado nas tertúlias de melómanos como precursor da divulgação do canto coral ao nível da populações rurais.  
O orfeão cantava com mestria de um ensaiador exigente, mas não possuía sede própria, 
Os ensaios podiam  ser em casa do seu dirigente, no gabinete da Conservatória do Registo Predial  ou no salão nobre dos Paços do Concelho.
Não era raro estar a decorrer um julgamento na sala do tribunal, com a compostura habitual, e de repente, na sala ao lado , começar a ouvir-se o garganteio das crianças e o que era bem pior, os epítetos de burro ou estúpido pronunciados com voz estereofónica pelo impulsivo maestro.

Relacionamento com o rei D. Carlos
A personalidade extrovertida do padre Dr. João Antunes e a sua militância na área da cultura granjearam-lhe muitas simpatias e amizades sólidas no meio social.  
A gula, que era o pecado e que mais o distinguia, dava tanto nas vistas que lhe abriu as portas do Paço real.
D. Carlos foi um dos maiores garfos do seu tempo mas o padre suplantava o monarca.
Ficou isso demonstrado quando o rei acompanhado do príncipe D. Luis Filipe foi acolhido festivamente em Condeixa e obsequiado com um jantar no palácio de Lemos.
O padre João Antunes era um dos convidados do dono da casa.
Vendo-o comer sem a licença de Deus, o rei indagou quem era o competidor em matéria de apetite.
Esclarecido, sobre a sua personalidade e gostos, o rei ficava cada vez mais motivado em palestrar um pouco com ele, pois também gostava de pintar e a música seduzia-o desde jovem.
Findo o repasto o padre eclipsara-se. Mandado procurar a pedido do rei, o mordomo veio informar o monarca que ele estava na copa a jantar com a criadagem. Outra vez a jantar, disse o rei! 




quinta-feira, 29 de junho de 2017

Ouro no rio Anços - SOURE

OURO NO RIO ANÇOS 

A quebrada é um local aprazível que tem sido votado ao abandono, tornando-se quase inacessível.
Ultimamente a autarquia de Soure efetuou alguns trabalhos de requalificação e sustentação do açude que separa o rio de uma levada que foi projetada para abastecer alguns moinhos e regadio.
Ali se forma uma piscina ou praia fluvial de água pouco ou nada poluída.
Mas, na proximidade existem outros locais semelhantes praticamente desconhecidos.
Presta-se para a criação de trilhos com levadas e passadiços que são atracão de muitos destinos turísticos.
Espera-se que a par desta requalificação sejam estabelecidas regras e condições para que este espaço seja utilizado com civismo.
Um casal amigo, ao qual fizemos uma apresentação da zona, recorda que um projeto de aproveitamento turístico deste tipo será facilmente subsidiado pela comunidade europeia, como sucede no seu país.
Na sua região há cerca de 300 Km de cursos de água na sua maioria devidamente regulados e aproveitados para atividades lúdicas.
A meu pedido o Francis ensaiou uma pesquisa de ouro, obi que o leva a trazer sempre consigo o necessário equipamento, sempre que viaja.  Na sua breve pesquisa encontrou vestígios de ouro.
Francis e esposa visitaram a quebrada em Paleão e adoraram O Francis, amante da natureza
 gosta de pescar e pesquisa ouro como obi. Lamentou a falta de aproveitamento paisagístico, turístico  e desportivo.
Nascente do rio OURÃO situada no concelho de Pombal
que ali faz uma captação de água.

Perto da Figueirinha, outra nascente dá origem a um pequeno rio chamado OURÃO, que desagua no rio Anços percorrendo apenas cerca de 1 Km até se encontrar com este rio. Esta nascente é pouco sensível a secas ou excesso de pluviosidade, mantém um caudal abundante e regular durante todo o ano.
Em Soure há uma confluência de três cursos de água: o rio Anços, a Levada e o rio Arunca que tem caudal muito irregular e frequentemente poluído.
Não obstante é ele que, passa a dar o nome ao conjunto destas águas e desagua no Mondego.

OURO PARA EXPLORAR
O nosso amigo Francis
ensaia pesquisa no Anços
Nos cursos de água de Soure entre charcos, pauis, rios, valas, levadas e represas surgem frequentemente garças, galinhas de água, cegonhas, lontras e outras espécies que testemunham a presença de abundante fauna.
Em pleno centro da vila de Soure organizam-se concursos de pesca, no rio Anços na vizinhança das águas do rio Arunca, por vezes poluídas onde se misturam no local da sua confluência.
Uma boa gestão das águas e uma politica de repovoamento seria um ponto de partida para dar ao concelho uma oportunidade temática, ponto de partida para o desenvolvimento turístico da região que carece de estímulos económicos para fixar e revitalizar as suas populações.
Soure poderia ter um papel de relevo no sector de pesca amadora e ser um exemplo na requalificação dos cursos de água e seu aproveitamento turístico.

Confluência dos rios Anços e Arunca em Soure
mais à esquerda fora da foto a Levada completa o trio de rios
que confluem neste local..
Do lado esquerdo vê-se o rio Anços, podem observar-se os espaços destinados aos pescadores durante os concursos.
Do lado direito é o rio Arunca cujo  caudal chega a ser escasso ou nulo e a água muito poluída. Por vezes parecem peixes mortos que são notícia nos jornais. Um pouco mais para nascente há outra represa pelo que a água fica estagnada nessa parte do rio.
A aparente semelhança resulta do facto de haver a jusante uma represa que nivela os dois cursos de água.






quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Percalços de um pegador de touros - verídico



Uma história verídica

Num fim de tarde nos anos 90, no bar do casino, um grupo de amigos confraternizava, quando o leader do grupo, um conhecido bravo e corpulento pegador de touros, chamou a atenção dos companheiros para dois cavalheiros que chegavam nesse momento.
Bem vestidos, e com modos de pessoas de bem, sentaram-se e encomendaram bebidas ao bar man que saiu do balcão para os atender. Tudo isto era suspeito e de virilidade duvidosa...
Quando regressava ao balcão foi chamado pelo chefe do grupo, cliente assíduo, que lhe perguntou em voz baixa, o que é que os tais cavalheiros haviam pedido.
Um whisky e um brandy, disse ele.
Então o senhor vai-lhes servir, em vez disso, dois copinhos de leite morno...
Conhecendo bem o seu perfil agressivo, por vezes violento e, encolhendo os ombros fez o que ele disse, preparou dois copos de leite e levou-os à mesa dos dois cavalheiros dizendo que era oferta dos clientes da outra mesa e acenou com a cabeça.
Tendo já reparado no grupo quando entraram e, não aparentando sinais de surpresa ou indignação, começaram a beber e até brindaram de longe ao grupo, que recebeu o cumprimento com agrado e sorrisos.
O pegador deu uma cotovelada cúmplice ao companheiro do lado.
Passado algum tempo, os "intrusos" levantaram-se. Um deles dirigiu-se ao balcão e o outro disse que ia buscar um isqueiro ao carro e regressou rapidamente para junto do companheiro.
Chamando o empregado, segredou-lhe para ele lhes servir as bebidas inicialmente pedidas e dois copinhos de leite ao senhor mais forte do grupo, obviamente o chefe, ao mesmo tempo colocava ostensivamente o "isqueiro" sobre a mesa, um revolver de bom calibre.
O empregado, embaraçado e receoso encheu dois copos de leite idênticos aos anteriores e dirigiu-se, trémulo, ao grupo, sussurrou qualquer coisa ao ouvido do toureiro e colocou à sua frente os dois copos.
Ao balcão, os dois clientes iam saboreando descontraidamente as suas bebidas.
O forcado bebeu um dos copos com aparente agrado e até com alguma sofreguidão e, quase a terminar o segundo copo, olhou de soslaio para o balcão onde estavam os dois "maricas".
Enquanto um deles pagava a despesa, o outro pegou na arma e com gesto quase profissional, guardou-a no coldre que trazia dissimulado debaixo do casaco.
Vendo que estava a ser observado, levantou o seu cálice de aguardente velha e saudou uma vez mais o grupo.
O Nuno bebeu então e de um só trago o resto do leite, observando o "casal" que saía da sala de mão dada.
Foi isso que lhe pareceu, muito embora o seu ângulo de visão não fosse o melhor mas e, desta vez, a bebida nem sequer caíra mal.
Murmurou baixinho e interrogando-se a si próprio, Quo Vadis?